Projeto de ciclovia da Avenida Sertório prevê remoção de espaço para pedestres.

Esta semana, tivemos acesso ao projeto do complexo de ciclovias da Sertório, elaborado pela EPTC e que será uma das próximas ciclovias a ser implementadas na capital. Estamos disponibilizando o download do projeto completo, basta clicar aqui.

Mais uma vez, a EPTC está optando por construir a ciclovia em cima da calçada, tanto na Avenida Sertório como em algumas das vias auxiliares que farão a conexão com a Avenida Farrapos. Em alguns trechos, a ciclovia chega a ocupar quase que a totalidade do passeio público, não deixando opção para o pedestre senão caminhar em cima da ciclovia, e em certos pontos ela passa rente às portas do imóveis não deixando nem um espaço para que quem saia ou entre nos imóveis possa ter o mínimo de conforto ou segurança, criando um sério risco de atropelamento de pedestres.

Há espaço físico suficiente em boa parte do trajeto para que a implementação da ciclovia seja feita na própria via sem remover faixas de circulação nem vagas de estacionamento, apenas redimensionando as faixas existentes para uma utilização mais eficiente do espaço público.

A montagem abaixo é meramente ilustrativa para mostrar como podemos acomodar uma ciclovia na pista de rolamento mantendo o número de faixas para automóveis particulares e sem interferir no corredor de ônibus. A imagem original mostra o mau aproveitamento do espaço atualmente, com faixas excessivamente largas que incentivam altas velocidades.

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Confira abaixo o projeto proposto pela EPTC para o trecho representado acima e perceba como ele suprime praticamente todo o espaço dos pedestres no passeio.

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O estreitamento de faixas proposto na imagem acima, tem as seguintes vantagens sobre o projeto apresentado pela EPTC:

  • Uso mais eficiente do espaço público;
  • Não reduz espaço destinado aos pedestres, respeitando o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental (PDDUA);
  • Permite o acesso livre e seguro a prédios e comércios locais, sem causar risco ou incômodo aos pedestres;
  • Não é necessária a remoção de vegetação rasteira ou árvores;
  • Aumenta a área destinada a modais não-motorizados, humanizando esta que é uma região altamente rodoviarizada e degradada da cidade;
  • Faixas mais estreitas desincentivam as altas velocidades, reduzindo a gravidade e o número de atropelamentos, tornando a região mais segura e atrativa para pedestres.

A galeria abaixo mostra algumas outras montagens, em outros trechos da ciclovia e as respectivas plantas do projeto.

16 pensou em “Projeto de ciclovia da Avenida Sertório prevê remoção de espaço para pedestres.

  1. Interessante o projeto, interessante as propostas. Mas restam algumas dúvidas:
    – A Sertório engarrafa de manhã e a tarde, uma ciclovia que ocupe mais espaço na faixa não vai piorar a situação?
    – Atualmente temos um elevado número de “espertinhos” que andam pela faixa do ônibus e não são punidos, isso não vai piorar a situação?
    – A quantidade de pedestres que temos é tão alta a ponto de ser prejudicada realmente se o projeto for feito conforme o original?

    Minha dúvidas não são do contra, mas existem…

    Abraço galera,
    sucesso!

    1. Oi Cicero, tudo bem?

      – Nos trechos do projeto que analisei, como o da imagem animada, não é necessário retirar nenhuma faixa de circulação dos veículos motorizados. O redimensionamento das faixas pode vir a fornecer espaço disponível para um ciclovia. Vai haver um melhor aproveitamento do espaço e a rua vai se tornar mais eficiente. Se houver impacto negativo no trânsito de automóveis, deve ser pequeno e não afetará o transporte público, que circula em corredor. Às vezes é necessário usar medidas que vão ter certo impacto negativo no fluxo de automóveis particulares, mas que no geral beneficiarão a cidade como um todo.
      – Os espertinhos vão sempre utilizar o corredor do ônibus se tiverem certeza da impunidade, não importa se a via tem duas, três ou cinco faixas. O que falta nesse caso é fiscalização e punição e/ou talvez barreiras físicas mais eficientes que impeçam a entrada desses carros no corredor de ônibus.
      – Parte da culpa de não haver um fluxo de pedestres maior nessa parte da cidade é porque essa não é uma região agradável para se caminhar e reduzir o passeio não vai ajudar a atrair mais pedestres para a região. A construção de uma ciclovia, o estreitamento das faixas de trânsito e a redução da velocidade máxima permitida podem ser o começo de uma rehumanização do trânsito na região, tornando a mais atrativa para os pedestres.

      No fim das contas é preciso lembrar que temos que eleger prioridades. Quais são elas? Transporte público? Humanização das ruas? Segurança? Fluxo de automóveis particulares? Não dá para ter tudo e quanto mais rápido e intenso é o trânsito de automóveis, mais perigosa e hostil é a via para pedestres e ciclistas.

      Ajudei um pouco a esclarecer as dúvidas?

      1. Esclareceu sim G.K.! Muito obrigado por ter respondido 😀

        Não gosto de ser pessimista quando o assunto é espaço público. Mas acredito (me corrija se eu estiver errado) que além do projeto da ciclovia em si ser muito importante também é necessário haver um compromisso do governo após que esta seja finalizada em ser mantida e conservada.
        Saio para correr finais de semana no Gasometro, e vejo que a estrutura da Ciclovia e espaço para pedestres está ficando fantástico, mas parece que quando o foco muda o abandono aparece. Por ex. a iluminação pública do local está totalmente abandonada, no trecho entre a rampa de skate e até quase o Beira Rio a unica iluminação existente é a do farol dos carros.

        Quero muito ver este projeto de mobilidade aplicado na Av. Sertório, mas também não quero que o mesmo seja um hype momentâneo para promoção de alguns politicos e depois fique ao “léo” como ocorreu com o Gasometro.

        Abraços!!! E novamente obrigado!

  2. Aqui na Holanda calçadas onde os pedestres não tem espaço pra caminhar é normal. Entendo que talvez pela proporção bem menor de gente a pé, mas mesmo assim, existe e não é o fim do mundo.

    1. Dependendo onde e como, não é o fim do mundo mesmo. Mas em vias onde há espaço de sobra, tirar o espaço do pedestre não é a melhor solução.

      Curiosidade: na Holanda tem alguma via parecida com a Sertório ou Assis Brasil?

      1. Essas vias parecidas são geralmente mais parecidas com a Sertório do que com a Assis Brasil.

        A Assis Brasil tem um fluxo intenso de pessoas, logo diminui-se o trânsito de veículos particulares e se intensifica os demais modais. A grande cagada da Assis Brasil é que tem trocentos ônibus fazendo o mesmo trajeto, o que obviamente não é algo esperto.

        Avenidas que se localizam no perímetro urbano/próximas a aeroportos não costumam ter acesso ou oferecer ciclovias. A diferença é que esses países são tão pequenos que atravessa-los é como ir daqui até Torres/Floripa.

      2. Depende em qual quesito tu te referes. Numero de pedestres, largura das faixas, quantidade de carros junto a ciclistas?

        Não sei como está agora, mas fico a imaginar como é na prática essa segunda versão, numa cidade onde os motoristas não estão nem ai para o que não é carro ou caminhão.

        Em Londres, a ciclovia na calçada é algo raro, e quantidade de mortes de ciclistas lá é muito maior do que aqui. Não quero dizer com isso que seja exclusivamente devido ao fato de as ciclovias serem na rua, mas deve contribuir. E olha que o pessoal é muito mais cuidadoso e ciente das bikes..

        Uma coisa que certamente aconteceria no caso da ciclovia na calçada, é o povo andando na ciclovia e o pessoal ter que andar quase parando, o que acontece nas avenidas mais movimentas aqui também – onde os turistas ainda não estão ligados que não devem caminhar ali.

        Mas não sei o quão movimentada por pedestres estão essas ruas agora… depende a região também, etc.

        1. Me refiro a perfil viário e ao ambiente em geral: tipo, velocidade e intensidade de trânsito, área degradada, etc.

          Ciclovia por definição possui segregação física que impede a entrada de automóveis no espaço do ciclista. Nossa sugestão para a Sertório é uma ciclovia, portanto com segregação, ocupando parte do que é hoje via para os carros, dando então segurança para os usuários de bicicleta.

          Já pessoas caminharem por ciclovias na calçada é fato comum, principalmente se não há calçada adequada para a circulação de pedestres, o que acontece em quase todas ciclovias de Porto Alegre que são sobre o passeio.

    2. Quando, no Brasil, chegarmos ao patamar da Holanda, de respeito ao ciclista e de termos a cultura de usar a bicicleta, poderemos tirar esses espaços do pedestre. Enquanto isso, acho que a prioridade ainda é de quem anda a pé. Somos um país pobre, financeira e culturalmente, não dá para comparar com a Holanda. Andar de bicicleta implica em ter segurança, não só com relação aos outros veículos, mas também em relação à assaltos, agressões físicas.

      1. Ana,
        Na minha opinião pessoal andar de bicicleta é normalmente mais seguro em relação a assaltos do que andar de carro e a pé. Mais seguro que a pé pois têm se mais velocidade para evitar encontros indesejados e fica-se menos tempo exposto na rua. Mais seguro que de carro pois carros são mais visados e roubos de carro costumam ser mais violentos, muitas vezes acompanhados de seqüestros relâmpagos. Quando o carro está parado em semáforos ou entrada de garagem, a pessoa fica indefesa e não tem como escapar.

      2. Uma coisa que me chamou a atenção aqui é que a lei diz que não importa quem cometeu a infração em acidentes involvendo qualquer veiculo e uma bicicleta: a bicicleta e o ciclista sao automaticamente vitimas em quaisquer circunstancias.

        Com uma lei protetora assim e a maioria dos motoristas sendo eles proprios ciclistas a coisa funciona.
        Desculpe se meio off-topic.

  3. Dúvida: na alternativa proposta pelo Mobicidade, como fica o espaço usado normalmente pelos motociclistas para circular entre os carros? Não se pode ignorar um agente em função de outro.

    Realmente, a proposta da EPTC é ruim, mas talvez pudesse ser encontrado um meio-termo entre as propostas.

    Apenas para esclarecer, não sou motociclista, tampouco ciclista, tampouco trafego pela via em questão. Apenas dúvidas sinceras de quem não entendeu exatamente o que a alternativa propôe… 🙂

  4. Vou replicar o que postei no vá de bici:

    Para minha pessoa não é surpresa, aliás, já sabíamos a muito tempo….mentiram descaradamente, MAIS UMA VEZ, afirmando que não seria na calçada a “CICLOCOISA” da sertório….eu estive em uma reunião que isso fora prometido….parabéns a todos que votaram nesta administração….eu vou sofrer, mas quem votou vai sofrer junto….tem que doer para aprender a votar mesmo….MELHOROU?????? VAI MELHORAR???????????PARA QUEM????????????

    HOJE haverá votação na Câmara, não quer que este tipo de coisa confirme-se?????????????? levanta a BUNDA da cadeira!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!….deixa de ficar virtualmente reclamando esperando que as outras pessoas façam por vc….na hora de dar a cara-a-tapa a maioria não tem tempo, mas para tomar cerveja ou ficar curtindo fotinho no face todo mundo encontra!!!!!!! Quer ser cidadão? Então SEJA “um de verdade”!!!!!!!!! ACORDA PORTO ALEGRE!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

  5. Há que lembrar também que o corredor de ônibus da Sertório simplesmente “acaba”. Sem nenhuma explicação. E, pior ainda, acaba algumas quadras antes de um ponto de alta demanda (Big/Leroy Merlin/Atacadão).

    Há amplo espaço extender o corredor da Sertório. É perfeitamente possível estendê-lo até a confluência com a Baltazar. Não entendo porque a prefeitura o deixou pela metade.

    1. Oi Thales, infelizmente essa luta ainda segue. Com a retomada do Conselho Gestor do Fundo Cicloviário devemos ter alguma atualização nesse assunto, esperamos que boas 🙁

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