Mais mortes: que falta faz a educação.

Carta da Mobicidade sobre as duas mortes no trânsito no dia 15 de maio.
Mais uma pessoa morreu em Porto Alegre por ousar utilizar a bicicleta como meio de transporte. Ainda com identidade desconhecida, o indivíduo foi atropelado na Avenida Sertório, na noite de segunda-feira na Zona Norte da Capital – a segunda morte na mesma avenida no mesmo dia, pois mais cedo morreu uma motociclista de 19 anos naquela via. Ambas as mortes provavelmente poderiam ter sido evitadas, houvessem campanhas permanentes, abrangentes e eficientes de educação para o trânsito. Assim como as outras dezenas de mortes de pedestres, ciclistas e motociclistas – os mais frágeis no trânsito.
Se por um lado o investimento em educação para o trânsito é baixo, pelo outro o Executivo Municipal e a bancada governista na Câmara de Vereadores estão querendo reduzí-los ainda mais, obstinados que estão em aprovar o PLCE 010/2013, com suas inúmeras emendas, que reduz ainda mais a verba para esse tipo de campanha. Não se dão conta de que investir em educação para o trânsito e construção de ciclovias gera economias.
Gera economia, pois poupa dinheiro e recursos da saúde pública: 62% dos leitos de traumatologia no Brasil são ocupados por vítimas de trânsito, e anualmente o município de Porto Alegre gasta mais de R$360 milhões por ano para tratar doenças causadas pela poluição do ar¹ oriunda das emissões dos automóveis. Educando os atores do trânsito, mas especialmente os condutores de veículos motorizados, que causam os maiores danos físicos pela soma de peso e velocidade, teremos menos ocorrências, entre acidentes e crimes de trânsito, menos feridos e,portanto mais leitos livres nos hospitais e o uso de menos recursos para tratar essas pessoas. Com mais ciclovias, daremos uma opção de transporte não poluente para as pessoas, além de garantir a segurança de quem optar pela bicicleta.
Todos os anos, os desastres no trânsito causam um prejuízo de cerca de R$40 bilhões ao país, mais do que a soma total dos investimentos em saúde e educação, que é pouco maior que R$30 bilhões. Se conseguirmos reduzir essa soma, poderemos vir a dobrar os investimentos na saúde e na educação públicas.
Estamos cansados de pendurar bicicletas brancas. Estamos cansados de ir toda semana à Câmara Municipal tentar evitar que o governo retire verbas que ajudam a construir uma cidade mais segura e humana para todos.
¹ – Segundo pesquisa da Universidade Federal de Ciências da Saúde Porto Alegre (UFCSPA)

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