Carta de repúdio ao PL do Vereador Nedel (Plano Cicloviário)

Em resposta ao projeto de lei complementar do vereador João Carlos Nedel (PP) – que literalmente acabaria com o Plano Cicloviário – foi lançado hoje um abaixo-assinado para nos manifestarmos contra essa tentativa de impedir Porto Alegre de ter um sistema cicloviário eficiente.

Mesmo que esse seja um projeto tão absurdo que é difícil que vá ser aprovado, precisamos mostrar nossa insatisfação com essa iniciativa. Um vereador deveria estudar mais sobre mobilidade urbana antes de propor um projeto de lei que causaria impactos nela, se aprovada – o que não é o caso do Nedel, como demonstra essa entrevista.

Clique aqui para assinar e mandar a seguinte carta abaixo para os vereadores e prefeito:

vereador nedel é contra bicicletas

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Prezado Prefeito José Fortunati,

Vereadores e vereadoras da Câmara Municipal de Porto Alegre,

Queremos expressar nosso repúdio ao projeto de lei do vereador João Carlos Nedel, que pretende alterar o Plano Diretor Cicloviário de modo profundamente negativo para a nossa cidade.

O vereador, que demonstra não entender sobre mobilidade urbana (vide matéria abaixo) e a analisa de forma extremamente limitada, defende que ciclovias e ciclofaixas não podem ser implementadas no lugar de faixas de circulação de automóveis ou estacionamento. Ou seja, apenas sobre as calçadas, prejudicando o pedestre que já tem uma vida bastante difícil.

Fica claro que se aprovada, essa lei literalmente terminaria com o Plano Cicloviário. Existe uma largura mínima para a circulação de pedestres, de forma que muitas ruas importantes não poderiam ter ciclovias. Isso resultaria em ciclovias “em pedaços”, sem planejamento e continuidade, que justamente dão sentido a elas no trajeto das pessoas.

O argumento do vereador Nedel é que uma minoria utiliza bicicleta como meio de transporte, e que o carro particular é muito mais utilizado pela população. Mas qualquer pessoa bem informada sobre mobilidade urbana sabe que a implantação correta de ciclovias justamente aumenta a adesão de pessoas à bicicleta como meio de transporte, deixando o carro na garagem com mais frequência.

Se ainda não há uma grande parcela da população que utiliza a bicicleta como meio de transporte, é porque as pessoas sentem medo das ruas hostis e perigosas, criadas pela cultura centrada no carro particular. Nossas ruas apenas serão democráticas quando os espaços forem igualmente compartilhados por todos os modais – criando mais ciclovias, corredores de ônibus e travessias dignas para pedestres. Diminuir o espaço para carros particulares é uma tendência mundial em países civilizados, fato que o vereador Nedel desconhece ou ignora, e vem tentar prejudicar alguns avanços que a cidade tem feito nessa direção.

Além disso, esse projeto de lei vai contra o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental de Porto Alegre (PDDUA), que diz o seguinte:

“Art. 6º A Estratégia de Mobilidade Urbana tem como objetivo geral
qualificar a circulação e o transporte urbano, proporcionando os
deslocamentos na cidade e atendendo às distintas necessidades da
população, através de:

I – prioridade ao transporte coletivo, aos pedestres e às bicicletas;”

E também o artigo 6º da Política Nacional de Mobilidade Urbana (PNMU), que diz o
seguinte:

““A Política Nacional de Mobilidade Urbana é orientada pelas
seguintes diretrizes:

II – prioridade dos modos de transportes não motorizados sobre os
motorizados e dos serviços de transporte público coletivo sobre o
transporte individual motorizado;”

Independente da aprovação ou não desse PL, haverá uma divulgação em massa nas redes sociais sobre os vereadores que apoiaram um projeto contra um trânsito mais humano e os que votaram para impedir esse absurdo.

Por isso, contamos com a colaboração dos senhores e senhoras para votar contra essa lei conceitualmente retrógrada e tecnicamente sem embasamento.

[Matéria sobre o projeto de lei: http://zh.clicrbs.com.br/rs/porto-alegre/transito/noticia/2014/09/vereador-cria-projeto-para-que-ciclovias-nao-tirem-espaco-de-veiculos-motorizados-4596307.html ]

Att,

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